Preocupação

Safra do camarão ainda é incerta

Com as mudanças climáticas das últimas semanas, pescadores não sabem se terão um saldo positivo

Paulo Rossi -

O próximo dia 1º será o ponto de partida para a safra do camarão 2019. A pesca ficará autorizada até o mês de maio, mas os pescadores ainda não têm certeza quanto à safra. A Lagoa dos Patos, que até então seguia com o planejado para o período, passou por mudanças devido às chuvas das últimas semanas. Para o Sindicato dos Pescadores da Z-3, a situação é preocupante. Soma-se a isso a previsão da Metsul Meteorologias, de um volume alto chuvas em janeiro.

“A notícia não é boa.” É assim que Nilmar Conceição, presidente do Sindicato, fala da situação dos trabalhadores. Apesar do vento estar em sentido Sul, favorável à entrada do camarão na Lagoa, o ar é de incerteza em meio aos barcos e redes de pesca. Eles relatam que na última semana ocorreram mudanças climáticas com potencial para inverter os rumos da próxima safra. Até então, a esperança era de seguir com um saldo positivo em relação aos últimos anos. Depois de meia década sem a captura, o ano passado foi sinônimo de bons resultados para os moradores da região. Em 2018 a pesca reuniu cerca de 1,5 mil toneladas.

O camarão se desenvolve na água salgada e as larvas precisam adentrar a Lagoa dos Patos entre outubro e dezembro. Esse período também precisa ser favorável para o ambiente aquático, o que significa um número baixo de chuvas e baixo nível da água. Era assim, em um momento promissor, que a lagoa se encontrava até os últimos dias. Com a inversão climática, o presidente conta que os pescadores começaram a ficar desolados.

Dejaines Silveira, com as mãos atentas ao trabalho de arrumar a rede feita para a pesca da tainha, conta que o mesmo instrumento para capturar os camarões, conhecido como aviãozinho, já está pronto para a primeira semana de fevereiro. O pescador de 50 anos começou os trabalhos no ramo aos 12. Apesar do sentimento de esperança e da fé em um clima favorável às próximas semanas, o pescador segue com um pé atrás quanto ao período.

Previsão climática
Quanto às previsões, a Metsul Meteorologia antecipa um cenário com chuvas acima da média no mês de janeiro, o que gera uma elevação no nível de água da Lagoa e interfere no período que é fundamental ao desenvolvimento final do crustáceo. O primeiro mês do ano deve apresentar volume maior de água em comparação aos demais meses. As alterações são decorrentes de maiores temperaturas no Oceano Pacífico Central e no Atlântico.

Fevereiro e março mantêm a tendência chuvosa para este verão gaúcho, de acordo com a meteorologista Estael Sias. A diferença é que as chuvas são semelhantes ao que apresenta a estação, com probabilidade de seguir o aumento no volume da água. “Em geral, a perspectiva é de água doce na lagoa”, afirma.

Banho de água fria
A previsão da Metsul vai contra o esperado e o que precisam os trabalhadores. Como em uma onda de azar, Otavilino Ortiz, trabalhador da pesca há 57 anos, reforça a dificuldade em viver da atividade. Por conta de dívidas contraídas nos cinco anos sem a safra, o pescador passa por dificuldades para iniciar as ações nos primeiros dias de fevereiro. Nem mesmo a rede está pronta. “Não dá pra comprar o material se depois não vou conseguir usar”, lembra. Aos pescadores, é comum a necessidade de iniciar empréstimos e negociar com os compradores no período, já que eles não conseguem investir antes de ter a certeza sobre os rumos da safra.

O presidente do Sindicato lembra que no passado, antes mesmo do período de escassez do crustáceo, a situação era outra. “Antigamente, chegava nessa época e já estava todo mundo com as suas redes prontas pra pesca.” A indecisão toma conta dos moradores da Z-3. O período de captura do camarão se encerra em maio, já a pesca da tainha teve início em outubro e segue até maio, o que pode ajudar e sustentar o quadro.

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